Existe uma relação entre as mudanças climáticas e a intensidade dos furacões?

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Nos últimos meses, dois tufões, dois furacões e várias tempestades devastaram países nas costas do Oceano Atlântico e do Oceano Pacífico, com intensidades crescentes. A pergunta que fica é: qual a influência das mudanças climáticas sobre esses fenômenos? A resposta é complexa, assim como as condições que influenciam as tempestades.

Uma coisa já está clara: as mudanças no clima aumentam o limite de intensidade dos furacões e a quantidade de chuva que eles trazem, além de elevar o nível do mar e, consequentemente, a ocorrência de tempestades (conhecidas como “ressaca”). A influência sobre o número de furacões é mais incerta.

Temperaturas e chuva

Tanto a temperatura do oceano quanto a da atmosfera são muito importantes na geração de furacões. Eles são alimentados pela liberação de calor da água à medida que evapora da superfície do mar e se condensa na forma de chuva de tempestade. Um oceano mais quente evapora mais, permitindo que chova mais, o que libera ainda mais calor e, portanto, ventos mais fortes.

Esse relato relativamente simples dá aos especialistas a certeza de que um planeta mais quente gera a expectativa de mais tempestades – tanto no mar quanto em terra. De acordo com simulações, a taxa de chuvas em furacões aumentará em pelo menos 7% para cada grau na temperatura média do planeta.

Força e intensidade das tempestades

Há um consenso de que o aumento da temperatura também aumentará a velocidade do vento em um clima mais quente, aumentando também a proporção de furacões que atingem as categorias 4 e 5. Os danos causados ​​pelos furacões são exponencialmente maiores em relação à velocidade do vento. : Potencialmente, uma tempestade de categoria 4 pode ter ventos de 240 km/h — como o furacão Ian fez — causando danos cerca de 256 vezes maiores do que uma tempestade de categoria 1, com ventos de 120 km/h.

Ainda é debatido se o aquecimento global causa uma intensificação mais rápida desses fenômenos, mas as chances são altas. Entre os problemas que enfrentamos está a falta de informações históricas, pois temos dados sobre furacões desde os anos 1800, mas sua confiabilidade só é grande a partir de 1980, quando surgiu a cobertura por satélite. Em setembro, os furacões Ian e Noru mostraram rápidos aumentos, que os cientistas haviam previsto dias antes.

marés de tempestade

Maré de tempestade, ou ressaca, é a elevação do nível da água na costa que a ocorrência traz, influenciada por sua velocidade, tamanho e direção do vento, bem como pela topografia do fundo do mar costeiro. Há duas influências do aquecimento global nessas marés: o aumento da força das tempestades e o aumento do nível do mar, que aumenta o tamanho bruto das ondas, maior do que nunca em relação à terra.

velocidade e lentidão

A velocidade de movimento espacial dos furacões tem uma grande influência na quantidade de chuva em locais específicos durante uma tempestade. Um fenômeno mais lento, como o furacão Harvey de 2017, permite mais chuvas. Existem algumas indicações de que a velocidade de movimento dos furacões diminuiu globalmente, mas ainda não temos muitos dados e os mecanismos por trás do fenômeno são pouco compreendidos.

frequência de tempestades

Ainda não há estudos concretos que expliquem o número de tempestades em climas mais quentes, portanto não há como saber se o número de furacões provavelmente aumentará ou não. Além das condições ambientais para alimentar o fenômeno, ele tem que se formar a partir de uma perturbação na atmosfera, e há debates na comunidade científica sobre o papel dessas perturbações na quantidade de tempestades nos climas presentes e futuros.

Fenômenos naturais, como El Niño e La Niña, também influenciam na formação de furacões, e ainda se estuda o quanto as variações climáticas, por sua vez, impactam esses fenômenos. Atualmente, os esforços estão focados no furacão Ian: enquanto os estudos ainda estão sendo realizados, já se pode dizer que a influência humana no clima tornou a tempestade mais forte, chuvosa e mais provável de acontecer.

Fonte: A conversa